Seleção Pública de Projetos Esportivos Educacionais

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Respeitar as limitações é o segredo para a atividade física das crianças


Fisiologista Turibio Barros fala sobre a orientação de exercícios e a prática esportiva delas de acordo com as fases de crescimento e desenvolvimento. 

Quando pensamos em orientação de atividade física para crianças, o ponto de partida é lembrar uma frase: Criança não é um adulto pequeno! O significado desta afirmação é o respeito às limitações das crianças em suas diferentes fases de crescimento e desenvolvimento e à necessidade de se adequar as atividades físicas a estas limitações. O curioso é que, hoje em dia, estas preocupações existem em função de que na maioria das vezes as atividades físicas infantis são orientadas por um adulto.

Foto: Aluna do Projeto Esporte e Educação: Essa é a Nossa Praia em aula de vôlei
Este é até um fato relativamente recente, fruto do cerceamento do espaço disponível para a criança manifestar sua tendência espontânea de ser ativa. Não faz muito tempo que as crianças faziam esporte por iniciativa própria. O comum era ver um grupo de crianças com uma bola, formando dois times, com um critério absolutamente coerente de divisão (geralmente os dois melhores tiravam par ou impar e escolhiam os times). O jogo começava e terminava sem interferência de nenhum adulto. Quem cansava tinha todo direito de sair e ninguém era exigido ou cobrado além da sua capacidade ou tolerância.

O mesmo critério valia para qualquer modalidade de jogo ou brincadeira. Todas as iniciativas eram absolutamente espontâneas e seguiam a lógica e as normas estabelecidas pelas próprias crianças. Certamente não se cometiam exageros nem imprudências. O resultado era socialização e promoção de saúde.

Atualmente, nos grandes centros urbanos, as crianças praticam esportes em clubes, escolinhas e centros esportivos, quase sempre orientados por adultos. Nesta nova realidade, muitas vezes nos deparamos com alguns problemas exatamente frutos da presença do adulto. É claro que existem muitos profissionais educadores físicos especializados com toda a competência para orientar adequadamente a atividade.

Por outro lado, existem também muitas atitudes inadequadas. Iniciação esportiva competitiva precoce, incompatibilidade de certas modalidades com o estágio de crescimento e desenvolvimento da criança, cobrança exagerada de pais e responsáveis por desempenho, às vezes com resultados desastrosos gerando frustração e sentimentos de culpa.

O que não se pode de maneira nenhuma é privar a criança de ter o direito de fazer esporte por brincadeira. O componente lúdico é fundamental para a criança ter aderência e sentir prazer nas atividades esportivas. A criança deve ter o direito de escolher que atividade física quer praticar.

Uma experiência desastrosa provocada por atitude inadequada de um adulto pode afastar a criança definitivamente da prática de esportes e alimentar ainda mais o hábito de somente fazer atividade na realidade virtual dos games de computador.


Fonte: Portal da Educação Física

Esporte melhora desempenho escolar de crianças


Prática esportiva deve ser estimulada na criança sempre de forma lúdica, eles precisam ter prazer e se permitir.

Com a reorganização da agenda dos pequenos devido à volta às aulas, chegou o momento ideal de escolher um esporte para fazer parte do cotidiano das crianças ao longo do ano. Além de prevenir a obesidade e as doenças cardiovasculares na vida adulta, promover a socialização e ensinar bons hábitos de vida, pesquisa recente apontou que crianças que praticam esportes possuem melhor desempenho na escola.

Após analisar mais de 800 artigos científicos sobre o tema, pesquisadores holandeses concluíram: estudantes que praticam atividade física alcançam melhores avaliações cognitivas, ou seja, é como se conseguissem prestar melhor atenção na sala de aula e nos estudos em casa.

O pediatra Jose Luiz Setubal, do Hospital Infantil Sabará, explica: nadar, pedalar, jogar bola são atividades que melhoram a oxigenação cerebral, a comunicação entre as células nervosas e as sinapses.

“Por meio de variáveis fisiológicas é possível provar que a atividade física interfere no metabolismo, no aumento do fluxo sanguíneo e até na atividade elétrica do cérebro. Além disso, o esporte estimula a secreção de substâncias, como a endorfina cujo efeito também é positivo a nível cerebral”, detalha o médico.


Foto: Alunos do Projeto Esporte e Educação: Essa é a Nossa Praia na sala de leitura.
A prática esportiva deve ser estimulada na criança sempre de forma lúdica, segundo o pediatra, eles precisam ter prazer, se pertir. Também é preciso levar em conta as fases do desenvolvimento. A maturidade biológica deve ser respeitada e como varia para cada criança, é importante antes consultar um médico para identificar o ritmo biológico de crescimento de cada jovem.

Até os 3 anos, a criança está em pleno desenvolvimento motor, deve-se incentivar atividades como brincadeiras. Dos 4 aos 7 anos, é aconselhável que elas corram, pulem, subam em brinquedos. Dos 8 aos 11 anos, já é possível optar por um esporte favorito, mas sem competição para evitar conflitos emocionais. Dos 12 aos 14 anos, pode ocorrer o início do treinamento profissional, visando resultados, cuidados para evitar lesões e sobrecarregar os grupos musculares.


Site: Portal da Educação Física 

10 dicas para melhorar o desempenho escolar do seu filho


Construir um vínculo com a escola desde cedo e traçar paralelos entre o conteúdo e a vida fora do colégio fazem muita diferença

Além dos cadernos e boletins, os pais devem estar envolvidos com a vida escolar dos filhos desde o começo. Segundo a educadora Daniela de Rogatis, quando os pais não acompanham e valorizam o aprendizado, colocam a escola em xeque. “Se os pais não se importam com o que a criança aprende, eles desvalorizam a escola. E isso leva a criança a questionar o valor daquilo”, diz.
Foto: Alunos do Projeto Esporte e Educação: Essa é a Nossa Praia na aula de leitura

Deixar a educação somente nas mãos da escola não é uma solução. Para Daniela, a participação ativa dos pais na educação e no aprendizado dos filhos, além de ser um facilitador para perceber as dificuldades e facilidades das crianças, dá mais segurança para elas avançarem e melhorarem o desempenho.

A educadora Andrea Ramal lançou recentemente o livro “Depende de você – Como fazer de seu filho uma história de sucesso” (LTC Editora) pensando exatamente nisto. Segundo a autora, enquanto os pais não se aliarem às escolas, as chances do fracasso do filho na vida escolar só aumentam. Conversamos com quatro especialistas em educação e reunimos 10 dicas para ajudar as crianças a aproveitarem a escola ao máximo.

1. Não deixe para ir à escola somente quando aparece um problema

Ir à escola somente quando você é convocado para resolver algum problema da criança não vai fazer tanta diferença. A psicóloga Eliana Tatit Sapienza, da Clínica Meta, especializada na área educacional, indica aos pais manter uma parceria com a escola e os professores, frequentando reuniões e se informando sobre o conteúdo desenvolvido em cada matéria. As crianças, especialmente as mais novas, se sentem mais seguras e confiantes quando percebem essa ligação entre pais e professores.

2. Crie um vínculo de comunicação

Perguntar sempre como foi o dia de aula, o que os filhos aprenderam e se passaram por alguma dificuldade são algumas das questões iniciais para estabelecer o vínculo com as crianças sobre o assunto. “Não é para conversar na base da pressão, mas com amizade e afeto”, diz Andrea Ramal. Esse tipo de atitude fará com a criança se sinta, desde os primeiros dias na escola, à vontade para contar o que ela fez no dia, do que gostou e do que não gostou. Assim, se a conversa for mantida ao longo dos anos, os pais saberão se o filho é bom em português, mas tem dificuldades com a matemática, por exemplo.

3. Acompanhe os deveres de casa

Às vezes, segundo Birgit Mobus, psicopedagoga da Escola Suíço-Brasileira, em São Paulo, os pais trabalham tanto que lhes sobra pouco tempo para observar os deveres de perto, mas é importante que um dos dois realize esta função. Acompanhar o que a criança está aprendendo na escola aumenta a motivação e relacionar aquele conhecimento a uma lembrança real pode tornar o conteúdo ainda mais significativo – ao ver as lições sobre as vegetações típicas do país, por exemplo, vale relembrar aquela viagem feita ao cerrado ou a excursão das férias pelas trilhas e praias da Mata Atlântica.

Leia também: não deixe a lição de casa virar um problema

4. Estabeleça uma rotina

A criança deve perceber que é muito mais proveitoso estudar um pouco por dia do que deixar para estudar na última hora, na véspera de uma prova. De acordo com Andrea Ramal, antes do sexto ano do Ensino Fundamental, estudar uma hora por dia está de bom tamanho. Conforme o número de matérias vai avançando, a duração deste período também deve aumentar. Se a criança ainda está no primeiro ciclo do Ensino Fundamental, o brincar ainda pode ter um espaço maior no dia a dia dela. “Os períodos de estudo devem ir crescendo a partir do segundo ciclo”, comenta Daniela de Rogatis.

5. Organize um espaço para os estudos

Este espaço deve ser aproveitado, de preferência, em um horário fixo e nobre do dia. A psicóloga Eliana Tatit Sapienza recomenda um lugar tranquilo, iluminado, limpo e organizado para o momento, onde nada possa tirar a concentração da criança. Televisão, videogame ou o irmãozinho mais novo fazendo bagunça devem ficar longe. Materiais de consulta, como livros e acesso supervisionado à internet, ficam perto.

6. Leia com prazer

Se dentro de casa a leitura é estimulada e encarada como um momento de lazer e prazer, será mais fácil para as crianças se adaptarem ao mundo dos estudos. “Os pais devem conversar com os filhos sobre o livro, revista ou jornal que estiverem lendo, além de deixar livros ao alcance das crianças”, comenta Eliana. Deixar bilhetes e cartinhas aos pequenos também é benéfico. Até mesmo fazer a lista de compras do supermercado ao lado do filho menor pode ser um estímulo.

7. Ajude seu filho a descobrir a fórmula ideal de estudo

Segundo Andrea Ramal, todos temos modalidades diferentes para aprender. Umas são mais produtivas do que outras. Algumas crianças são mais visuais e estudam sublinhando livros e fazendo resumos. Outras podem ser mais auditivas e preferem repetir o conteúdo em voz alta para si mesmas. “Os pais precisam estimular todas as modalidades, para ver qual é melhor para aquela criança, e tomar cuidado para não inibi-las”, diz. “Hoje em dia as pessoas não aprendem mais sob pressão, mas por motivação”, completa.

8. Relacione o que acontece na escola ao que acontece em família

Conectar os programas de família ao conteúdo da escola amplifica o conhecimento. Se a criança estiver estudando sobre rios e mares, ou sobre como a energia elétrica chega à casa de cada um, viajar para Itaipu ou Foz do Iguaçu durante as férias pode ser mais produtivo do que levá-la para a Disney. “Ela agrega e amplia os horizontes”, afirma Daniela.

Passeios e brincadeiras, de acordo com a psicóloga Eliana Tatit Sapienza, também são aliados da aprendizagem. Levar os pequenos a museus, teatros, sessões de cinema, bibliotecas, livrarias e propor jogos que incentivem a leitura, a escrita e o raciocínio são uma mão na roda. Ao assistir um filme, Andrea Ramal recomenda aos pais pedir aos filhos para escrever outra história com aquele personagem principal. Oportunidades de conhecimento além da escola não faltam, e o seu filho provavelmente gostará da ideia.

9. Se interessar ao seu filho, organize grupos de estudo

Tanto dentro como fora da escola, as atividades em grupo podem ser benéficas. Se os pais perceberem que a criança sente prazer ao estudar com um ou dois amiguinhos, é uma boa pedida. Organizar um debate sobre um assunto específico com os amiguinhos da escola, segundo Andrea Ramal, pode ser bem interessante. Levá-la a um museu com alguns amiguinhos e sugerir um debate sobre o assunto pode ajudá-la a atribuir sentido ao que viu e conheceu.

10. Não espere seu filho virar adolescente para participar da educação dele

Uma família que sempre participou e esteve junto com as crianças durante as lições e provas dificilmente terá um adolescente que não se esforça nos estudos. Nesta fase, os pais precisam tomar cuidado para não pressionar os filhos ou serem invasivos. E isso só é possível se houver uma relação sólida construída. “As famílias que não levam a educação infantil e o primeiro ciclo do ensino fundamental com a devida importância e, consequentemente, não passam com a criança pelas primeiras dificuldades, não terão jeito de opinar quando o filho fizer 15 anos, já que as dificuldades se acumularam ao longo do processo educacional”, explica Daniela de Rogatis.


Fonte: IG

O esporte como fator de desenvolvimento e de saúde mental na criança e no adolescente


Foto: Aula de vôlei com os alunos do Projeto Esporte e Educação: Essa é a Nossa Praia
Concomitantemente ao desenvolvimento somático efetua-se o psicológico, havendo sempre uma interação entre ambos. Imaginemos uma criança ao nascer, com instintos que a farão lutar pela sobrevivência. Diferente de outros animais, o ser humano é completamente dependente ao nascimento. É a fome, a sede, o choro, o desespero que chamam a atenção do ambiente (mãe) para alimentá-la, aquecê-la, confortá-la para que possa sobreviver. Imaginemos também que essa criança não seja somente um ser instintivo, que já possua um Ego incipiente, isto é, uma parte de si mesma que interage ao mesmo tempo com seus instintos e com o meio que a cerca, de forma inconsciente.

Isso, que até há pouco tempo parecia ficção ou fantasia de algum psicanalista visionário, tornou-se realidade comprovada nos estudos e pesquisas com o método da ultra-sonografia. Os fetos reagem, mudam de posição, acalmam-se, agitam-se, sugam o dedo, entre outras coisas, com a luz, o som, vozes, música, etc.

Esse Ego está sempre em contato com o corpo e suas necessidades. O exercício físico que contribui para o desenvolvimento corporal também o faz para o Ego, isto é, crescimento físico e mental.

A partir de certa idade, digamos, entre três e cinco anos, forma-se outra estrutura mental, que chamamos de Superego. Sempre que falamos de Superego pensamos em censura, castigo, culpa, etc. Todavia, não podemos esquecer de que o Superego é depositário também dos valores morais e éticos, da ordem, da disciplina, responsabilidade, compromisso e ideais. É todo um sistema de valores adquirido através dos relacionamentos com os pais, família e sociedade.

Assim, vemos que, se a atividade física tem papel importante no desenvolvimento do Ego, o esporte, enquanto atividade competitiva, também vai interferir profundamente na estruturação do Superego.

Isso torna-se mais evidente na adolescência, uma época de crise. Nessa fase há, pelo lado dos instintos, aumento dos impulsos agressivos e amorosos (sexuais), da força e da capacidade de exercer estes impulsos. As mudanças são súbitas no corpo e na mente, obrigando o Ego a empregar defesas para manter o equilíbrio intrapsíquico.

A nova consciência do corpo determina novos sentimentos, novos pensamentos, exigindo nova integração da personalidade. Nesse momento os elementos que entram na dinâmica intrapsíquica são, por um lado, as forças e exigências dos impulsos agressivos e sexuais (Id), a parte mediadora e executiva da personalidade (Ego) e, por último, o sistema de valores ou consciência, os conceitos de certo e errado, os imperativos morais e ideais (Superego). Do interjogo dessas três instâncias dependerá o equilíbrio intrapsíquico.

Quando essa interação é harmoniosa e equilibrada, não é percebida. São as falhas que mostram o processo, exatamente como acontece com os batimentos cardíacos ou a respiração. Essa crise adquire muitas vezes a forma de verdadeira guerra (adolescência patológica) se o Ego não pode contar com a ajuda do Superego para manter o equilíbrio intrapsíquico. São distúrbios de conduta ou, nos casos mais graves, doença psicossomática, delinqüência, drogadição ou doença mental.

A estruturação de um Superego nem tão permissivo nem tão rígido ajuda o Ego a lidar com os impulsos agressivos e os amorosos de forma construtiva, segundo padrões aceitos pela sociedade, sem gerar culpa. O Ego fica livre para a percepção da realidade externa, favorecendo os processos de aprendizagem e socialização. Por outro lado, a atividade esportiva proporciona o agrupamento sadio, facilitando novas identificações que possibilitam ao adolescente crescimento e reestruturações mentais.

O aumento da independência dos pais produz um vazio interno. O apego a um ideal ajuda a preenchê-lo. O idealismo é a característica dessa fase e dos jovens de modo geral. O ideal não é contaminado pelos impulsos agressivos ou sexuais, não conduzindo à prática de atos proibidos, nem à culpa.

Por todas essas razões, a atividade esportiva na adolescência é de vital importância. A disciplina, a responsabilidade, os ideais e os valores éticos que são a essência do esporte, associados às atividades em grupo tão necessárias e procuradas pelo adolescente, fazem do esporte, mais do que atividade física ou de lazer, uma conduta terapêutica.

Na nova estruturação da personalidade, a criação de um Ego com defesas variadas e adequadas e de um Superego com valores éticos, morais, responsável mas tolerante, é de capital importância para a saúde mental.

Considerando que o acesso ao mundo instintivo através do preenchimento de necessidades básicas, tais como saúde, alimentação, família, escola, etc., não cobre a extensão nem a variedade de necessidades instintivas individuais, o caminho é fornecer ao próprio indivíduo os meios para que possa gerir esse mundo instintivo de forma saudável, prazerosa e construtiva.

O uso do Esporte como meio de crescimento do Ego e de estruturação sadia do Superego preenche tais fins. Achamos, portanto, que as práticas esportivas, sejam de forma lúdica na infância, sejam de forma competitiva na adolescência, são fatores para o desenvolvimento e para a saúde mental.

Consideramos que a estabilidade emocional desempenha um papel fundamental para que as pressões familiares, econômicas e sociais possam ser suportadas.

Este enfoque sobre a atividade esportiva permite ação profilática para evitar as evasões escolares, o uso das drogas e a violência. Isso inclui o entendimento dessas questões na preparação dos profissionais que lidam com tais atividades.

  
Dra. Eronides Borges da Fonseca 


Fonte: Scielo 

BRINCAR, CONHECER E ENSINAR DE FORMA LÚDICA


De um modo geral, os educadores infantis reconhecem a importância do jogo no desenvolvimento infantil, percebendo seu papel na construção do Eu e das relações interpessoais.

Brincar é algo inerente ao ser humano, tão natural que até os bebês já nascem sabendo. Na infância, ele assume papel de destaque, uma vez que permeia todas as relações da criança com o mundo. Estudos sobre o assunto revelam, inclusive, que crianças que brincam tornan-se adultos mais ajustados e preparados para a vida.

As brincadeiras não são apenas uma forma de divertimento. Mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Sabemos que para manter o seu equilíbrio a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar.
Foto: Aula no Projeto Esporte e Educação: Essa é a Nossa Praia


Assim compreendendo a importância das mesmas no desenvolvimento da criança é que chegamos à elaboração desse relatório de observação da prática de um profissional de uma instituição de Educação Infantil durante uma semana, descrevendo o ambiente, os sujeitos envolvidos, pontuando os limites e as possibilidades do trabalho pedagógico. Pois este tem por objetivo promover à criança uma aprendizagem de forma lúdica, a partir da rotina, do tempo e do espaço, onde atividades com jogos e brincadeiras venham permitir um desenvolvimento pleno.

Constatamos durante nossa observação que no Centro de Educação Infantil Nona Virgínia, há um espaço físico adequado, o qual oferece um pátio externo ensolarado onde as crianças brincam livremente e também participam de jogos dirigidos e outras atividades. Oferece boa ventilação, iluminação, organização espacial, decoração, as quais influem de forma acentuada para obter um bom desempenho com o grupo. O mobiliário usado contempla não só a qualidade de rigidez, segurança e estabilidade, mas também proporciona o conforto necessário às crianças.

A qualificação dos profissionais é outro aspecto que tem influenciado para a atual situação da instituição observada, pois a maioria de seus profissionais está com uma formação na área e participando de outros programas de formação continuada.

Nesta instituição em especial a sala do berçário, onde centramos nossa reflexão, as educadoras trabalham enfocando a concepção histórico-cultural com caráter educativo-pedagógico, estas procura fazer o seu trabalho pedagógico da melhor forma possível, estimulando as crianças, direcionando as brincadeiras, onde cada uma é planejada, conduzida e monitorada. Nesse caso, a ação do educador é fundamental. Ele estrutura o campo das brincadeiras, por meio da seleção da oferta de objetos, fantasias, brinquedos, dos arranjos dos espaços e do tempo para brincar, dormir e alimentar-se, a fim de que as crianças alcancem objetivos de aprendizagens predeterminados sem limitar sua espontaneidade e imaginação.

Apenas um fator negativo foi constatado na sala observada, esta conta com 24 crianças de 03 a 18 meses, para 2 atendentes e 1 estagiaria, num período de 6 horas consecutivas, fechando a carga horária em 12 horas diárias, seguindo o mesmo procedimento anterior o segundo turno. O excesso de crianças na sala dificulta que os objetivos das atividades sejam alcançados em sua plenitude. Com isso não é possível manter uma atenção especial e individual, de carinho e estimulação permanente que cada uma deveria receber.

Nesta reflexão o brinquedo educativo e o brincar estão sendo visto como imprescindíveis no aprendizado de nossas crianças. Cada vez mais, pais e educadores estão conscientes da necessidade de ajudar suas crianças no desenvolvimento de suas habilidades através de atividades lúdicas.

Já vai longe em que o brincar era uma perda de tempo. Atualmente graças aos trabalhos e estudos de psicólogos e educadores como Piaget e Vigostsky, há uma firme convicção de que o brincar é de suma importância para o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança.

Brincar é mais que uma atividade sem conseqüência para a criança. Brincando, ela não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, se relaciona com este mundo. Brincando, a criança aprende.

Geralmente consideramos como sinônimo de jogo, recreação e mais nada. No entanto, atividade lúdica não se define naquilo que a criança está fazendo e sim no que sente naquele momento.

Não podemos dizer que acriança está desenvolvendo uma atividade lúdica porque está brincando.

Toda criança tem necessidade de se expressar, de colocar para fora o que ela sente e pensa. Através da atividade lúdica a criança demonstra o que é, o que sente, deixando transparecer aspectos de sua personalidade, assim todos os seus desejos e necessidades, toda a sua imaginação e fantasia, seus conflitos e tensões são manifestados através do brinquedo.

Para Wajskop apud Vigotsky, a brincadeira,

(…) cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a a desejar relacionando os seus desejos a um “eu” fictício, ao seu papel na brincadeira e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação e moralidade.(1995: 95).

Para a criança o brinquedo é uma atividade muito séria. A criança quando brinca experimenta-se, constrói-se, é uma forma de comunicação e de estar no mundo.

É brincando que ela convive com os medos com as raivas, com ansiedades e estabelece o equilíbrio entre o mundo interno e externo, conseguindo com isso o auxilio para o desenvolvimento de sua personalidade.

É neste aspecto que está o significado da atividade lúdica, a criança exprime seu estado afetivo no momento, por palavras, comportamentos, atitudes, transferindo seu estado emocional ou sua afetividade para os brinquedos, brincadeiras, desenhos, dramatizações e outros.

É importante que antes de iniciar a atividade, o professor e as crianças estabeleçam juntos as normas de como realiza-las, afim de que todos participem, porém uma vez estabelecida uma norma, esta deve ser cumprida. Tal procedimento exige uma coerência muito grande por parte do professor e das próprias crianças.

Durante a atividade lúdica é importante a presença do professor. Neste momento, ele é o companheiro que brinca, incentiva e desafia as crianças, levando-as experimentar e descobrir suas habilidades, pois se é um trabalho coletivo e de aprendizagem é necessário que o professor interaja junto aos alunos.

A atividade lúdica deve ser planejada com a criança de acordo com seus interesses, pois o ato de brincar só é válido quando nasce da necessidade da criança. É no brincar que ela se sente mais leve construindo-se, devemos aproveitar este momento para auxiliar a criança na construção do conhecimento.

Ensinar através de atividades lúdicas é um excelente recurso pedagógico. Podemos comprovar isso em nossa observação o enorme potencial de aprendizagem e sua importância para o seu desenvolvimento cognitivo da linguagem e para a socialização das crianças.

Ensinar é uma tarefa não repetitiva. Dois grupos de alunos nunca são iguais; nem uma classe é a mesma de um dia para outro. O mundo ao redor da sala de aula muda constantemente; o próprio professor muda. A rotina nesta instituição representa a estrutura sobre a qual está organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho realizado com as crianças. O professor tem a oportunidade de ser criativo com todas essas condições mutáveis.

Para Brougére, o brincar e a aprendizagem estão intimamente ligados. Considera que esfera lúdica, num plano emocional, é revitalizadora tanto quanto mediadora da aprendizagem que, por sua vez, possibilita a criação. Também reflete que a resistência ou a incapacidade de participar de algum jogo revela um Eu enunciado por temores que pode inibir o pensamento e o desenvolvimento psico-emocional e relacional.

Certamente, não é especulativo dizer que quando bebê, o brincar revela-se de forma sensitivo-motora; contudo, desde esse primórdio já existia características próprias de movimento, de sensibilidade e de recreações reflexas que enunciam o desenvolvimento psicológico, paralelo ao fisiológico, ou melhor, às sensações sinestésicas. Significa que a partir dessas sensações, explora e aprende o mundo realizando atividades que, centralizadas em seu próprio corpo, prepara o desenvolvimento de funções como o andar e a linguagem.. Admir-se-á, portanto, que a partir dessa vinculação o bebê está pronto a encontrar com o mundo dos brinquedos e, mais crescido, compartilhar sua imaginação e fantasia.

Como explicou Wajskop apud Vigotsky, as crianças

(…) em seus jogos, reproduzem muito do que vêem, mas é sabido o papel fundamental que ocupa a imitação nas brincadeiras infantis. Estas são, com freqüência, mero reflexo do que vêem e ouvem dos maiores, mas tais elementos da experiência alheia não são nunca levados pelas crianças aos jogos como eram na realidade. Não se limitam a recordar experiências vividas, senão que as reelaboram criativamente, combinando-as entre si e edificando com elas novas realidades de acordo com seus desejos e necessidades. O afã que sentem em fantasiar é o reflexo de sua atividade imaginativa, como o que ocorre nos jogos. ( 1995:101).

É curioso (quanto envolvente) observarmos como o brincar das crianças têm a ver com a espontaneidade de seus olhares. Todas as vezes que brincam o fazem não tão-somente por serem capazes de participar da natureza a natureza desejada que as crianças sejam crianças antes de ser homens, mas por serem capazes de olhar com seriedade os fatos, quando estão a brincar. Talvez, por isso, brincar seja um espaço do qual não pode ser abandonado, tanto porque se descobre a si (e ao outro) através dos brinquedos e brincadeiras (por tanto, aprende-se!), por ser a única atmosfera em que o ser psicológico pode respirar e agir.

Para Piaget, os jogos dividem-se em jogos de exercício, simbólicos e de regras, além dos jogos de construção, presentes ao longo do desenvolvimento. A finalidade dos jogos de exercício é o próprio prazer do funcionamento. Dividem-se em sensório-motores e de exercício do pensamento. Embora típicos dos primeiros dezoito meses, reaparecem durante toda a infância e acham-se presentes em muitas atividades lúdicas praticadas por adultos. Os jogos simbólicos têm como função à compensação, realização de desejos e liquidação de conflitos, e expressam-se no faz-de-conta e na ficção. São característicos da fase que vai do aparecimento da linguagem até aproximadamente os 6/7 anos. Os jogos de regras são aqueles cuja regularidade é imposta pelo grupo, resultado da organização coletiva das atividades lúdicas. Segundo o autor, as regras podem ser transmitidas ou espontâneas e passam de uma condição inicial motora e individual, depois egocêntrica, de cooperação até a codificação.

A importância do brincar e dos brinquedos, no sentido clássico do termo, não constitui apenas uma necessidade biológica destinada a descarregar energia. Quando as crianças brincam é à verdade, porque pensam sobre suas experiências emocionais e torna (re)conhecível suas potencialidades. Como não há gestos inúteis, qualquer que seja a atividade lúdica conduz ao encontro da criatividade. È no brincar que o individuo criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e è somente sendo criativo que o individuo descobre o eu (self).

Ao professor cabe o papel de arranjar um ambiente onde as pessoas sejam estimuladas às pesquisas e experiências. O professor pode variar o caráter de sua mediação entre as crianças e a cultura em vários pontos: quando se estão estabelecendo as metas, quando se está processando a informação, quando está em andamento uma interação humana, quando está em processo a avaliação. Podemos assim julgar a criatividade no ensino pela qualidade de oportunidades efetivamente oferecidas por um professor para que as crianças tenham experiências educativas.

É necessário que o educador insira o brincar em um projeto educativo, o que supõe intencionalidade, ou seja, ter objetivos e consciência da importância de sua ação em relação ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil. Contudo, é preciso renunciar ao controle e à centralização e á onisciência do que ocorre com as crianças em sala de aula. De um lado, o professor deve desejar – a dimensão mais subjetiva de ter objetivos – e ao, mesmo tempo, deve abdicar de seus desejos, no sentido de permitir que as crianças, tais como são na realidade, advenham, reconhecendo que elas são elas mesmas e não aquilo que ele, educador, deseja que elas sejam.

Em linhas gerais, precisamos deixar que as crianças brinquem e construam seu conhecimento com uma forma alegre de aprender, para que mais tarde não se tornem adultos frustrados.

Concluindo, podemos dizer que a brincadeira deve ocupar um espaço central na educação infantil, entendemos que o professor é figura fundamental para que isso aconteça. Portanto devemos criar os espaços, rever o tempo necessário para a execução das atividades, oferecendo-lhes material e partilhando das brincadeiras das crianças. Agindo desta maneira estaremos construindo um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados desejados.

Quanto mais as crianças virem, ouvirem, sentirem e experimentarem, quanto mais aprenderam e assimilarem, quanto mais elementos reais tiverem em sua experiência, tanto mais produtiva e criativa será a atividade de sua imaginação.

Assim é o lúdico: muita alegria, cor e movimento, uma forma espontânea de brincar, jogar, cantar e criar, permitindo uma evolução no processo de identidade de cada um e do grupo, em interação com o meio sócio-cultural.

REFERÊNCIAS:

BRAGA, Aucy Bernini. Estrutura e Funcionamento da Instituição de Educação Infantil. Florianópolis: UDESC/Cead, 2003.

BRASIL. REFERENCIAL CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. v. 1, Brasília: MEC/SEF, 1998.

BROUGÉRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. Pioneira: São Paulo, 1998.

KHISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. Pioneira: São Paulo, 1998.

PIAGET, Jean. A linguagem e o pensamento da criança. 7 ed. Martins Fontes: São Paulo, 1999.

WAJSKOP, Gisela. BRINCAR na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.



Fonte: Pedagogia ao Pé da Lentra