Seleção Pública de Projetos Esportivos Educacionais

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Brincar na infância e o futebol

1 - A importância do brincar
Brincar é um comportamento inútil e ancestral na vida do homem, e por isso, muito importante no desenvolvimento humano. Todos os animais que têm uma infância prolongada (como é o caso da vida humana) têm necessidade de investir muito tempo de jogo livre durante a infância, ou seja, como uma ferramenta de aprendizagem e adaptação em situações inesperadas e imprevisíveis de natureza motora, social e emocional. Por isso torna-se fundamental que as crianças possam vivenciar atividades motoras de exploração (espontâneas) que promovam o jogo simbólico (faz de conta), o jogo social (relação com amigos) e o jogo de atividade física (corrida, fuga, perseguição, luta etc.). O contato com a natureza e a capacidade de confronto com o risco é uma competência fundamental na estruturação de uma cultura lúdica infantil.

2 - Para que serve a brincadeira
A investigação científica tem vindo a demonstrar que o comportamento lúdico durante os primeiros anos de vida tem muitas vantagens no desenvolvimento humano: na estrututação do cérebro e respectivos mecanismos neurais; na evolução da linguagem e literacia, na capacidade de adaptação física e motora; na estruturação cognitiva e resolução de problemas; nos processos de sociabilização e finalmente na construção da imagem de si próprio, capacidade criativa e controle emocional.
Brincar é adaptar-se a situações imprivisíveis, através de ações diversas na utilização do corpo em espaços físicos e na relação com os outros. Brincar em casa, na escola, na rua, etc. é um investimento garantido de saúde física e mental na vida adulta.
3 - O que mudou na vida das crianças?
As condições de vida social das crianças mudaram de forma radical nas últimas décadas. A falta de espaços livres na cidade, o desaparecimento da rua como local de jogo, a super proteção dos pais, a diminuição da margem de risco e a falta de tempo livre nas agendas de vida cotidiana das crianças, o controle desesperado, por vezes patológico, das suas energias em atividades estruturadas (formatadas), têm vindo a criar um progressivo sedentarismo e um analfabetismo motor nas culturas de infância nas sociedades modernas. Uma criança que não brinque de forma regular e sem constrangimentos em espaços, amigos e materiais não é uma criança saudável.
As crianças continuam a brincar como sempre o fizeram ao longo da história da humanidade. Hoje brincam é de maneira diferente. As novas tecnologias e os cenários de espaços virtuais são muito sedutores para atividades centralizadas na paisagem do uso visual e manual. No entanto as necessidades de adaptação biológica e social continuam as mesmas na vida do homem.
As crianças e jovens dos nossos dias estão sujeitos a estilos de vida muito diferentes do passado, nomeadamente na capacidade de construção adequada de reportórios lúdicos e motores, devido a uma diminuição progressiva de indepedência de mobilidade corporal e um aumento progressivo de constrangimentos sociais.
4 - O significado da prática do futebol na infância
O comportamento lúdico tem uma dimensão ancestral independente da cultura ou da situação geográfica. O brincar vive-se, experimenta-se e dificilmente se explica. A magia do jogo percorre todas as idades com situações e significados diferentes. Os pais brincam com os filhos e as crianças brincam entre si através de processos de transmissão de geração em geração.
A vida do homem explica-se pela criança que foi e pela qualidade e oportunidades de jogo que viveu. A procura do desconhecido e da imprevisibilidade é um risco que vale a pena jogar seja no plano físico, simbólico ou social. A prática do futebol na infâcia é uma realidade social e cultural. As crianças gostam do jogar futebol (na escola, no clube, em casa, etc.) porque faz parte integrante do seu contexto cultural. Através de prática espontânea ou organizada, as crianças vão aprendendo a dominar habilidades motoras fundamentais com bola, a desenvolverem a sua capacidade perceptiva e tomada de decisões adequadas e a percepcionarem dinâmicas coletivas que são fundamentais para o aperfeiçoamento de um reportório motor adequado ao sucesso desta prática desportiva.
5 - As fases de aprendizagem no futebol infantil
A formação das crinças e jovens no futebol deverá seguir um modelo desenvolvimentista, isto é, centrado nas características de cada criança. As primeiras etapas são caracterizadas por uma abordagem exploratória, de jogo livre ou semi-estruturado de modo a assegurar a assimilação inteligente de estruturas motoras simples (habilidades motoras básicas) e descoberta das dinâmicas percepticas e sociais mais simples (fase de estimulação motora). Depois deverão ser experienciadas sequências mais complexas de jogo através de habilidades motoras de transição, de modo a dotar as crianças de um afinamento do seu reportório motor no futebol e a formação de uma cultura mais consistente de compreensão do jogo (fase de aprendizagem motora).
A terceira fase centra-se na consolidação de esquematizações motoras já aprendidas, através da prática do jogo, acompanhando o desenvolvimento da criança em todas as suas dimensões (motora, cognitiva, social e emocional). Nesta fase é muito importante aperfeiçoar elementos fundamentais e estruturantes da formação motora (ajustamento postural, lateralidade, equilíbrio, coordenação motora, percepção espacial e temporal, esforço físico e relação sóciomotora). É uma fase crucial de sedimentar comportamentos motores consolidados (fase de prática motora).
Quando for possível, pode, então, iniciar-se um período de afinamento das habilidades motoras específicas (técnicas consistentes) e elementos táticos de jogo (capacidade decisional) tendo em vista o aparecimento de um rendimento adequado ao sucesso desportivo (fase de especialização motora). Cada treinador terá uma observação sistemática e periódica das suas crianças, optando pelo desenvolvimento das fases adequadas de especialização motora.
6 - O Comportamento Parental
Existem seguramente muitos agentes de sociabilização influentes no processo de formação desportiva de crianças e jovens. É um processo complexo. No entanto, o comportamento dos pais tem uma importância decisiva no acompanhamento da formação desportiva dos seus filhos. Existem por vezes comportamentos inapropriados dos pais que interferem na estabilidade formativa das crianças e muitas vezes no trabalho quotidiano dos técnicos de futebol. Esta situação merece um destaque especial no estudo de caracterização de diversas posturas e comportamentos parentais.
Do nosso ponto de vista deverá ser dada uma maior atenção na formação dos pais quanto aos objetivos da formação do futebol na infância. Existem diversos perfis de comportamento parental (de pais desinteressados a pais fanáticos), que implicam estratégias de abordagem sobre esclarecimentos fundamentais do trabalho desenvolvido na formação no futebol infantil/juvenil. Caberá às instituições responsáveis definir as melhores formas de esclarecimento e formação sobre o futebol infantil, assegurando os direitos fundamentais das crianças sobre a prática desportiva.
7 – Conclusão
O artº 31 da Declaração Internacional dos Direitos da Criança (ONU) identifica o direito da criança ao jogo, ao tempo livre e à prática do desporto. Este direito fundamental da criança, quando equacionado na aprendizagem e prática do futebol, implica algumas considerações adicionais.
Deste modo, crianças deveriam ter o direito a:
1 - Expressar a sua individualidade;
2 - Serem tratadas como crianças /jovens;
3 - Participar independentemente do seu nível de habilidade;
4 - Jogar ou competir com os seus opositores em função de valores éticos fundamentais (Fair-Play);
5 - Decidir no qual ou quais desportos deseja participar;
6 - Participar na organização de programas desportivos (ser actor);
7 - Parar a atividade quando entender;
8 - Saber que o fracasso no desporto não é o fracasso da vida;
9 - Ter um treinador que seja competente nos planos pedagógico, técnico e científico;
10 - Condições de treino e competição adaptados à sua condição;
11- Exame e tratamento médico competente;
12 - Facilidades de espaços e equipamentos;
13 - Correto acompanhamento parental.
No caso do futebol infantil, necessitamos melhorar a formação de especialistas, adotar melhores estratégias de ensino-aprendizagem, produzir mais investigação e material técnico e pedagógico, definir modelos mais robustos de gestão e organização, apoiar a formação dos dirigentes, pais e outros agentes ligados à modalidade e melhorar a coerência entre tempo livre, escolar e desportivo na vida diária das crianças e jovens. 
Fonte: Site Universidade do Futebol

terça-feira, 25 de junho de 2013

Prática de esportes desperta na criança o sentimento de cidadania

A prática de esportes sempre foi recomendada. Uma atividade esportiva deve ser praticada por pessoas de todas as idades, das mais jovens aos mais idosos.
Contudo, com a onda dos computadores e jogos eletrônicos, muitas crianças estão deixando as atividades físicas de lado para ficarem horas sentadas na frente da TV ou jogando, algo que não é nada saudável.
Por isso, confira 10 motivos porque uma criança deve praticar esporte.
1 – MELHORA O CORPO E A MENTE
Com a prática esportiva, a criança desenvolve a parte motora, ganha agilidade, amplia seus movimentos (noção de lateralidade, direção, espaço e tempo) e habilidades como correr, driblar, arremessar e rebater. 
Também cria condicionamento físico, que aumenta sua capacidade cardiovascular, muscular (força e resistência) e respiratória. 
O esporte ainda estimula o raciocínio e melhora as relações afetivas, da criança com seu próprio corpo e com as outras crianças.
2 – PREVINE A OBESIDADE 
Nos últimos dez anos, dobrou o número de crianças e adolescentes com problemas de peso. 
De 8% a 10% deles são considerados obesos, com 60% de probabilidade de continuarem obesos na fase adulta. 
No adulto, o problema leva a outros males, como diabetes, pressão alta, colesterol e etc. 
O organismo atinge seu auge de funcionamento entre 20 e 25 anos. A partir dos 30 anos, a queima de gordura fica mais difícil, perde-se flexibilidade e massa muscular. A atividade física retarda o processo.
3 – CRIA BONS HÁBITOS
O esporte tira a criança da TV, do videogame e do computador e ainda ajuda a queimar as calorias pouco nutritivas dos adorados fast-foods. 
Quanto mais precoce o contato com as atividades físicas, melhor. Por não ter ainda hábitos consolidados, a criança está mais aberta a mudanças de rotina. E melhor ainda se ela gostar do esporte oferecido. Quer melhorar seu desempenho por conta própria, o que terá reflexos na alimentação, no sono e na disposição durante o dia.
4 – ATIVA O CRESCIMENTO
A atividade física hoje é essencial para a qualidade de vida em qualquer idade, ajudando a ter um crescimento saudável. Lembrando que a atividade mais adequada é aquela que a própria criança gosta de fazer. 
Muitas vezes o que acontece é que os pais forçam os filhos a fazerem atividades que eles gostariam que o filho fizesse e não o que o filho realmente gosta de fazer. 
Todas as atividades trazem benefícios desde que praticadas adequadamente e orientadas por profissionais de Educação Física capacitados, sempre respeitando a individualidade biológica de cada criança, características da faixa etária, frequência, duração e continuidade das atividades.
5 – EXERCITA A CRIATIVIDADE
No início, o esporte deve ter foco lúdico e formativo, uma vez que é por meio das brincadeiras e das mais variadas vivências corporais que a criança começa a inventar sua maneira de jogar, criando suas próprias regras. Surgem aí muitos jogos simbólicos, ótimos para estimular a imaginação. 
Como a atividade envolve mais crianças, com fantasias diferentes, pode resultar numa produção cultural, com coreografias e estratégias diversas. 
Essa variedade implica arriscar, experimentar, ver o que dá certo ou errado. 
As conquistas estimulam as crianças a buscarem mais desafios, tornando as atividades mais complexas (formativas e esportivas) com o passar da idade, incluindo regras e fundamentos específicos exigidos por cada modalidade, respeitando o amadurecimento da criança sempre.
6 – APRENDE A DECIDIR
No esporte a criança trabalha a tomada de decisão, isto se aplica ao ser escolhido para o time ou pensar na melhor forma de jogar. 
Durante as atividades eles aprendem a decidir e também a observar qualidades e dificuldades próprias e nos colegas. Percebe e aceita as diferenças. 
O adulto que acompanha a atividade aponta aspectos importantes para que a tomada de decisão seja utilizado sempre o bom senso.
7 – ESTIMULA VALORES
No esporte, a criança testa suas limitações e descobre suas potencialidades. 
Percebe que tem de se esforçar para conquistar seus objetivos. Consegue enxergar as necessidades do outro e descobre a importância da cooperação. Faz com que ela perceba que a violência só acaba com o jogo. 
Com isso, ela aprende a respeitar o colega de equipe e o adversário, e a valorizar as regras de convivência.
8 – PRATICA O PERDE-E-GANHA
A competição é indicada a partir dos 12, 13 anos. O treinamento precoce e cobranças podem atrapalhar o rendimento. 
Na fase certa, a criança tem preparo físico para aguentar disputas acirradas e psicológicas para enfrentar as frustrações. 
Perder vai ser chato, mas também mostrara a ela que as vitórias dependem de vários fatores, como a disposição no dia, o esforço, a habilidade individual ou do time, dedicação nos treinos, onde vencer será também o resultado e consequência de tudo isso. 
O que será valorizado é o processo para chegar a um resultado. A premiação mais significativa deve vir de elogios da participação e o consolo mais útil na motivação para não desistir diante das dificuldades.
9 – DESPERTA O CIDADÃO
O esporte costuma oferecer contato com a natureza, despertando na criança o sentimento de cidadania. 
Ela aprende a valorizar o meio em que vive e aprende a preservá-lo. Isso é típico em esportes na água, com animais (hipismo), nas quadras de vôlei ou futebol de campo e na areia e também nos radicais, como o surf, escalada, rafting e trilhas.
10- CULTIVA O PRAZER
Os bons resultados ou a brincadeira no esporte alimentam o prazer. Por isso, é bom que a criança tenha acesso a várias modalidades. 
Ao escolher a criança provavelmente optará pelo que se acha mais capaz de fazer e se sentirá segura e com desenvoltura. 
Os pais, familiares e professores podem auxiliar na escolha com informações e também ressaltando as respostas positivas que ele obteve com esta ou aquela atividade.
A atividade física é um meio de desenvolvimento global do ser humano nos seus aspectos: cognitivo, sócio-efetivo, psicomotor, onde o maior intuito é desenvolvimento, sociabilização e diversão por meio das mais variadas práticas esportivas para toda a família, no tempo que dispuserem e com segurança. 
Desde bebês, passando pela adolescência, alcançando a fase adulta, todos precisam de acompanhamento e treinamento direcionados às expectativas de cada um, respeitando os limites e características de cada faixa etária.

Fonte: Uniodonto

Pais de autistas buscam escola para desenvolvimento social dos filhos

Para 53% dos pais de crianças autistas, o principal motivo para levarem seus filhos à escola é o desenvolvimento social. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada na FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Apenas 18% acredita que a escola desenvolve a aprendizagem, a independência, a comunicação e o comportamento dessas crianças. 
No entanto, a contribuição positiva da escola para as crianças com espectro do autismo é quase unanimidade entre os seus cuidadores, chegando a 85%.
Este foco no desenvolvimento social é diferente da expectativa tradicional da educação e pode ser explicado por o espectro do autismo afetar principalmente a interação da criança com outras pessoas, segundo a definição da Classificação Internacional das Doenças, necessitando que o espaço escolar também auxilie neste processo.
A autora da pesquisa "Autismo e escola: perspectiva de pais e professores", a fonoaudióloga Ana Gabriela Lopes Pimentel, explica que "a falta de menção de resultados educacionais pode ser devido a um de dois fatores: ou o potencial educativo das crianças e adolescentes com autismo está sendo subestimado, ou os resultados escolares estão sendo ignorados pelas pessoas que devem compartilhar a responsabilidade por sua qualidade".

Maioria está na escola

Ana Gabriela iniciou os estudos em 2010 indagando-se sobre o processo de inserção escolar das crianças com espectro do autismo. Na primeira etapa, entrevistou individualmente 56 cuidadores de crianças com o diagnóstico do espectro do autismo enquanto seus filhos estavam na terapia fonoaudiológica.
A maioria dos pacientes era composta por meninos e a idade deles variou entre 3 e 16 anos.
Quantitativamente, a escolarização dos filhos destes entrevistados era grande — 54 crianças, o que corresponde a 96,4%. A opção pela educação regular foi feita por 85% dos cuidadores. Ana Gabriela também constatou que 100% das crianças cujos cuidadores afirmaram não ver benefícios na escolarização contavam apenas com um professor em sala de aula.

Educadores

Em geral, os educadores afirmaram ter o apoio da escola no processo de educação destas crianças, mas perceberam que falta respaldo tecnológico. O questionário aplicado a 51 professores, do ensino regular e especial, pedia para eles avaliassem a contribuição escolar para os alunos com autismo e a dificuldade que sentiam durante o processo de aprendizagem.
As áreas que os professores relataram ter mais dificuldade em seu trabalho diário em crianças com o diagnóstico do espectro do autismo foram a comunicação, a aprendizagem e o comportamento. Já a contribuição da escola e de seus trabalhos foi mais citada no desenvolvimento das áreas de comunicação e relações interpessoais destas crianças. Entre pedir informações e objetos, comentar fatos, interagir, focalizar o assunto e protestar, estes professores relataram que a maior dificuldade é em interagir.
Os profissionais também responderam, em sua maioria, que a agressão a si ou a outros colegas foi o comportamento menos observado durante os anos de trabalho com crianças autistas.
Fonte: UOL Educação

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Aniversário do Meio Ambiente

Junho é o mês do Meio Ambiente desde 1972, quando a ONU realizou a Conferência Ambiental de Estocolmo e definiu o dia 5 como Dia Mundial do Meio Ambiente. Vinte anos depois, a partir da Rio 92, junho também passou a abrigar o Dia Mundial dos Oceanos (8 de junho).
Duas décadas separam a criação dessas datas, embora o movimento de valorização ambiental seja contínuo. Neste sentido, os esforços da ONU são notáveis e lembram a todos a importância da preservação da natureza por meio de campanhas mobilizadoras anuais.
O êxito dessas iniciativas depende de uma mudança de comportamento e, a despeito dos avanços, a Rio+20 de 2012 deixou claro que os discursos continuam distantes das práticas. Isso se explica, mas não se resolve com facilidade. A mudança de comportamento implica persistência na educação, para adotarmos novos hábitos em casa e nos lugares que frequentamos. Além disso, há a grande ameaça das questões econômicas e disputas de poder que atingem todos os cantos do planeta.

Sucesso da reciclagem

A reciclagem é o melhor exemplo de comportamento favorável ao Meio Ambiente no Brasil. Ano a ano, crescem os índices de coleta e de reciclagem de resíduos. As latas de alumínio são campeãs de bilheteria. Praticamente todas as latas colocadas no mercado são recolhidas. Em 2010, os brasileiros coletaram 97,6% das latas pós-consumo. Em 2011, esse índice subiu para 98,3%.
Em 2010 foram reciclados 19,4% de resíduos plásticos pós-consumo. O índice de 2011 chegou a 21,7%. Isso corresponde a 1,077 milhão de toneladas de plástico (sem contar o PET), segundo a Plastivida Instituto Socioambiental dos Plásticos.
As garrafas PET não ficaram atrás. De acordo com a Abipet (Associação Brasileira da Indústria do PET), em 2011 foram recicladas 57,1% (294 mil toneladas) do total de embalagens PET descartadas. Em 2010, o percentual de reciclagem foi de 52,85% (282 mil toneladas).
Um próximo passo em defesa do Meio Ambiente tem a ver com o jeito de consumir e o de fabricar. Reutilizar o que for possível é o que se espera do consumidor, em substituição ao descarte indiscriminado. Muitas embalagens de plástico e de vidro poderiam ter vida longa no ambiente doméstico. Assim, pouparíamos mais água e energia para outros fins.
Com a logística reversa, espera-se que o fabricante recolha os equipamentos (principalmente os eletrônicos) pós-consumo, cuide da reciclagem e até reutilize componentes. Afinal, muitos dos eletrônicos em boas condições são descartados por modismo.

Casca de mexerica na calçada

Entre agosto de 2011 e julho de 2012, o desmatamento da Amazônia Legal teve o seu menor índice desde 1988. A área desmatada foi de 4.571 km², equivalente a três vezes o tamanho do Município de São Paulo.
Já na Mata Atlântica, 235 km² foram desmatados entre 2011 e 2012. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), esse foi o maior desmatamento registrado desde 2008 pela pesquisa do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica.
Ao final de maio, soubemos que a atmosfera registrou 400 ppm, ou seja 400 partículas de dióxido de carbono por um milhão. Isso significa um marco perigoso de saturação de gás carbônico na atmosfera, provocado por vários fatores. A queima excessiva de combustíveis fósseis (petróleo e seus derivados) é o principal deles.
Isso pode provocar alterações graves no clima mundial, como, por exemplo, temperaturas muito mais elevadas do que as que podemos suportar e aumento dos oceanos. O assunto é sério, mas como parece muito técnico e sem data certa para acontecer, poucos deram a devida atenção a ele.
Para finalizar, um registro. Em dia do Meio Ambiente, uma jovem deixava um rastro de cascas de mexerica (bergamota, tangerina, dependendo de onde o leitor estiver) pela calçada de uma rua movimentada de São Paulo. Se fosse num pedaço de terra, as cascas serviriam de adubo. Ao menos haveria um motivo para comemorar.
Autora: Lucila Cano (UOL Educação)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Atividade física e saúde na infância e adolescência

José Kawazoe Lazzoli; Antonio Claudio Lucas da Nóbrega; Tales de Carvalho; Marcos Aurélio Brazão de Oliveira; José Antônio Caldas Teixeira; Marcelo Bichels Leitão; Neiva Leite; Flavia Meyer; Felix Albuquerque Drummond; Marcelo Salazar da Veiga Pessoa; Luciano Rezende; Eduardo Henrique De Rose; Sergio Toledo Barbosa; João Ricardo Turra Magni; Ricardo Munir Nahas; Glaycon Michels; Victor Matsudo



Foto: Aula de Vôlei do Essa é a Nossa Praia

INTRODUÇÃO

Um estilo de vida ativo em adultos está associado a uma redução da incidência de várias doenças crônico-degenerativas bem como a uma redução da mortalidade cardiovascular e geral. Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico e reduzir a prevalência de obesidade. Ainda, é mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo. Em conseqüência, do ponto de vista de saúde pública e medicina preventiva, promover a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, contribuindo desta forma para uma melhor qualidade de vida. Nesse contexto, ressaltamos que a atividade física é qualquer movimento como resultado de contração muscular esquelética que aumente o gasto energético acima do repouso e não necessariamente a prática desportiva.
Este documento, elaborado por médicos especialistas em exercício e esporte, baseia-se em conceitos científicos e na experiência clínica, tendo como objetivos: 1) estabelecer os benefícios da atividade física na criança e no adolescente; 2) caracterizar os elementos de avaliação e prescrição do exercício para a saúde nessa faixa etária; 3) estimular a recomendação e a prática da atividade física nas crianças e adolescentes, mesmo na presença de doenças crônicas, visto que são raras as contra-indicações absolutas.



ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

O avançar da idade é acompanhado de uma tendência a um declínio do gasto energético médio diário à custa de uma menor atividade física. Isso decorre basicamente de fatores comportamentais e sociais como o aumento dos compromissos estudantis e/ou profissionais. Alguns fatores contribuem para um estilo de vida menos ativo. A disponibilidade de tecnologia, o aumento da insegurança e a progressiva redução dos espaços livres nos centros urbanos (onde vive a maior parte das crianças brasileiras) reduzem as oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa, favorecendo atividades sedentárias, tais como: assistir a televisão, jogar video-games e utilizar computadores.
Existe associação entre sedentarismo, obesidade e dislipidemias e as crianças obesas provavelmente se tornarão adultos obesos. Dessa forma, criar o hábito de vida ativo na infância e na adolescência poderá reduzir a incidência de obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta. A atividade física também pode exercer outros efeitos benéficos a longo prazo, como aqueles relacionados ao aparelho locomotor. A atividade física intensa, principalmente quando envolve impacto, favorece um aumento da massa óssea na adolescência e poderá reduzir o risco de aparecimento de osteoporose em idades mais avançadas, principalmente em mulheres pós-menopausa.



FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Os princípios gerais que regem as respostas do organismo ao exercício e ao treinamento físico são os mesmos para crianças, adolescentes e adultos. Por outro lado, existem particularidades da fisiologia do esforço em crianças que decorrem tanto do aumento da massa corporal (crescimento) quanto da maturação, que se acelera durante a puberdade (desenvolvimento).
Em relação à potência aeróbica, ocorre um aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2max) em termos absolutos ao longo da idade, com maior aceleração em meninos do que em meninas. Esse aumento do VO2max está intimamente relacionado ao aumento da massa muscular, de forma que se considerarmos o VO2max corrigido por indicadores de massa muscular, não existe aumento com a idade em crianças e adolescentes do sexo masculino (VO2max/kg peso corporal permanece constante), enquanto ocorre um declínio progressivo em meninas (diminuição do VO2max/kg peso corporal).
A potência anaeróbica aumenta em função da idade em proporção maior do que o aumento da massa muscular, evidenciando um efeito da maturação sobre o metabolismo anaeróbico. A potência anaeróbica não difere entre meninos e meninas pré-puberes, mas cresce proporcionalmente mais em meninos a partir da puberdade. Assim sendo, o aumento da potência anaeróbica deve-se tanto à maior massa muscular, quanto ao efeito da maturação hormonal sobre as características funcionais do músculo esquelético. Ainda, a capacidade de produzir lactato é menor na criança do que no adulto, sendo um dos motivos pelos quais ela se recupera mais rapidamente após exercícios de alta intensidade e curta duração, estando pronta para um novo exercício mais precocemente. Outra característica que se desenvolve com a maturação sexual é o potencial de tamponamento da acidose muscular, que aumenta com a idade, permitindo a realização de exercícios láticos mais intensos.
Existem características da termorregulação da criança que devem ser destacadas. A velocidade de troca de calor com o meio é maior nas crianças do que em adultos, uma vez que possuem maior superfície corporal por unidade de massa corporal. Assim sendo, não só a perda de calor em ambientes frios, mas também o ganho de calor em climas muito quentes são mais acelerados em crianças, aumentando o risco de complicações. Como agravamento, a criança tende a ter menos sede do que o adulto, levando mais facilmente a desidratação e conseqüente redução da volemia, com prejuízo do desempenho e do mecanismo de termorregulação.



AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO

Do ponto de vista de saúde pública, as crianças e adolescentes aparentemente saudáveis podem participar de atividades de baixa e moderada intensidade, lúdicas e de lazer, sem a obrigatoriedade de uma avaliação pré-participação formal. É importante que algumas condições básicas de sáude – como uma nutrição adequada – estejam atendidas para que a atividade física seja implementada.
Quando o objetivo é a participação competitiva ou atividades de alta intensidade, uma avaliação médico-funcional mais ampla deve ser realizada, incluindo avaliação clínica, da composição corporal, testes de potência aeróbica e anaeróbica, entre outros. A avaliação pré-participação tem como objetivo básico assegurar uma relação risco/benefício favorável e deve considerar seus objetivos, a disponibilidade de infra-estrutura e de pessoal qualificado. O risco de complicações cardiovasculares na criança é extremamente baixo, exceto quando existem cardiopatias congênitas ou doenças agudas. A presença de algumas condições clínicas exige a adoção de recomendações especiais e devem ser identificadas e quantificadas, tais como a asma brônquica, a obesidade e o diabetes melito.
Do ponto de vista do aparelho locomotor, sabe-se que os ossos de uma criança ainda estão em formação em geral até o final da segunda década. As placas de crescimento são vulneráveis e lesões por traumatismos agudos e overuse. Dessa forma, devem ser identificadas características anatômicas e biomecânicas que possam facilitar a ocorrência dessas lesões.



PRESCRIÇÃO

O objetivo principal da prescrição de atividade física na criança e no adolescente é criar o hábito e o interesse pela atividade física, e não treinar visando desempenho. Dessa forma, deve-se priorizar a inclusão da atividade física no cotidiano e valorizar a educação física escolar que estimule a prática de atividade física para toda a vida, de forma agradável e prazerosa, integrando as crianças e não discriminando os menos aptos.
A competição desportiva pode trazer benefícios do ponto de vista educacional e de socialização, uma vez que proporciona experiências de atividade em equipe, colocando a criança frente a situações de vitória e derrota. Entretanto, o objetivo de desempenho, principalmente quando há excessivas cobranças por parte de pais e treinadores, pode trazer conseqüências indesejáveis, como a aversão à atividade física. Por essa razão, o componente lúdico deve prevalecer sobre o competitivo quando da prescrição de atividade física para as crianças. Igualmente importante é oferecer alternativas para a prática do desporto, de forma a contemplar os interesses individuais e o desenvolvimento de diferentes habilidades motoras, contribuindo para o despertar de talentos.
Um programa formal de atividade física deve treinar pelo menos três componentes: aeróbico, força muscular e flexibilidade, variando a ênfase em cada um de acordo com a condição clínica e os objetivos de cada criança. Quando o objetivo é o condicionamento aeróbico, a prescrição deve contemplar as variáveis tipo, duração, intensidade e freqüência semanal, obedecendo os princípios gerais de treinamento. O treinamento muscular deve ser realizado com cargas moderadas e maior número de repetições, valorizando o gesto motor, uma vez que este tipo de atividade contribui para o aumento da força muscular e massa óssea. O risco de lesões osteoarticulares em crianças que realizam trabalhos de sobrecarga muscular é na verdade menor do que o relacionado com esportes de contato, desde que seja realizado com cargas submáximas sob supervisão profissional adequada. Em relação à flexibilidade, seu treinamento deve envolver os principais movimentos articulares e ser realizado de forma lenta até o ponto de ligeiro desconforto e então mantidos por cerca de 10 a 20 segundos.



RECOMENDAÇÕES

A implementação da atividade física na infância e na adolescência deve ser considerada como prioridade em nossa sociedade. Dessa forma, recomendamos que:
1) Os profissionais da área de saúde devem combater o sedentarismo na infância e na adolescência, estimulando a prática regular do exercício físico no cotidiano e/ou de forma estruturada através de modalidades desportivas, mesmo na presença de doenças, visto que são raras as contra-indicações absolutas ao exercício físico;
2) Os profissionais envolvidos com crianças e adolescentes que praticam atividade física devem priorizar seus aspectos lúdicos sobre os de competição e evitar a prática em temperaturas extremas;
3) A educação física escolar bem aplicada deve ser considerada essencial e parte indissociável do processo global de educação das crianças e adolescentes;
4) Os governos, em seus diversos níveis, as entidades profissionais e científicas e os meios de comunicação devem considerar a atividade física na criança e no adolescente como uma questão de saúde pública, divulgando esse tipo de informação e implementando programas para a prática orientada de exercício físico.



REFERÊNCIAS RECOMENDADAS

1. American Academy of Pediatrics Committees on Sports Medicine and School Health. Physical fitness and the schools. Pediatrics 1987;80:449-50.         [ Links ]
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4. Chan K-M, Micheli LJ, editor. Sports and children. Hong Kong: Williams & Wilkins, 1998.         [ Links ]
5. Confederación Panamericana de Medicina del Deporte. Physical activity and health in the children of the American / Atividad física y salud en los niños de las Americas. Boletin COPAMEDE 1997;1:3.         [ Links ]
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Documento aprovado em reunião realizada em 26/6/98 durante o 2º Congresso Sul-Brasileiro de Medicina Desportiva, Curitiba, PR.







Fonte: Scielo


A PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INICIAÇÃO ESPORTIVA INFANTIL

Foto: Aula de vôlei no Essa é a Nossa Praia

Esse artigo é a síntese da monografia do Curso de Especialização em Psicologia do Esporte, do Instituto Sedes Sapientiae


Letícia Macedo Gabarra

Psicóloga, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Especialista em Psicologia do Esporte pelo Instituto Sedes Sapientiae


Kátia Rubio

Psicóloga, Doutora pela Universidade de São Paulo (USP), Professora – Organizadora da Especialização em Psicologia do Esporte do Instituto Sedes Sapientiae.


Luciana Ferreira Ângelo

Psicóloga do Instituto do Coração - INCOR, Mestre pela Universidade de São Paulo (USP), Professora – Organizadora da Especialização em Psicologia do Esporte do Instituto Sedes Sapientiae.




A PSICOLOGIA DO ESPORTE NA INICIAÇÃO ESPORTIVA INFANTIL

Resumo

A Psicologia do Esporte e da Atividade Física possui diversos campos de intervenção, como a reabilitação, alto rendimento, iniciação esportiva. Este trabalho buscou refletir sobre a atuação do psicólogo na iniciação esportiva infantil, visto a pouca literatura encontrada sobre essa possibilidade de intervenção. Para tornar a reflexão possível retomaram-se conceituações sobre o termo iniciação esportiva, considerando-a como um processo e um produto, que podem ter como finalidade o esporte recreativo, o alto rendimento e o educativo. O professor, a família e a criança foram descritos como os componentes principais deste processo, formadores da tríade principal. A partir das características da iniciação esportiva infantil e da tríade, refletiu-se sobre as possibilidades de atuação do psicólogo do esporte neste contexto. Considerando-o como mediador e facilitador das relações sociais, entendendo o esporte como um instrumento para o desenvolvimento do indivíduo, na busca da autonomia, fortalecendo sua auto-estima, proporcionando a educação e a saúde.

 Palavras chave: psicologia do esporte, iniciação esportiva, infância, tríade professor-família-criança.



PSYCHOLOGY IN CHILD SPORT INITIATION

Abstract

Sport and physical activity psychology have several intervention fields, such as rehab, self performance and sport initiation. This work intends to analyze psychologist’s actions towards child sport initiation, since there is so little literature about the possibility of intervention. For this analysis, a study was made on concepts of sport initiation, considering it a process and a product that can have recreation, education and high performance as its goal. Teacher, family and child were described as the main components of this process, which fill the main triad. Considering child sport initiation and triad characteristics, a reflection about the possibility of a sport psychologist action was made. He would be the mediator and facilitator of social relations, and use sport as an instrument for a person’s development. As a result, the person, in search for autonomy, would empower his/her self-esteem and acquire education and health.

Keywords: sport psychology, sport initiation, childhood, teacher-family-child triad.



LA PSICOLOGÍA DEL DEPORTE EN LA INICIACIÓN DEPORTIVA INFANTIL

Resumen

La Psicología del Deporte y de la Actividad Física posee diversos campos de acción, como la rehabilitación, el alto rendimiento y la iniciación deportiva. Éste trabajo ha buscado reflexionar sobre la actuación del psicólogo en la iniciación deportiva infantil debido a la poca literatura encontrada sobre esa posibilidad de acción. Para tornarla posible, fueron repensados los conceptos sobre el término iniciación deportiva, considerando ésta iniciación como un proceso o un producto que puede tener como objetivo el deporte recreativo y el educativo. El profesor, la familia y el niño fueron descriptos como los componentes principales de este proceso, como formadores de la tríada principal. A partir de las características de la iniciación deportiva infantil y de la tríada, se ha reflexionado sobre las posibilidades de la actuación del psicólogo del deporte en este contexto como un mediador y facilitador de las relaciones sociales, comprendiendo el deporte como un instrumento de desarrollo del individuo en la búsqueda de la autonomía, fortaleciendo su autoestima y proporcionando la educación y la salud.

Palabras clave: psicología del deporte, iniciación deportiva, niñez, tríada profesor-familia-niño.



1. INTRODUÇÃO  

A Psicologia do Esporte possui várias frentes de atuação, dividindo-se em educação, intervenção e pesquisa. A educação refere-se ao ensino da Psicologia do Esporte nos curso de graduação de Psicologia ou Educação Física. A área da pesquisa possui um campo amplo, que pode estar relacionado com as áreas de intervenção, auxiliando no suporte teórico da intervenção. Na área da intervenção pode-se pensar em várias formas de atuação do psicólogo, como o alto rendimento, a reabilitação, o esporte escolar, a recreação, a clínica, a iniciação esportiva. Dentro destes é possível atuar em diversos locais e momentos, como por exemplo, na reabilitação esportiva, intervindo para prevenção ou para suporte de atletas lesionados, bem como com pessoas portadoras de alguma patologia orgânica que encontre no esporte o auxílio ao tratamento (RUBIO, 2000a, 2000b; BRANDÃO, 2000; SAMUSKI, 2002).

No entanto, o trabalho do psicólogo do esporte mais divulgado pela mídia e, em geral o mais conhecido pelas pessoas, é o relacionado com o esporte de alto rendimento, remetendo à imagem do psicólogo auxiliando técnicos e atletas para o melhor desempenho. As outras formas de atuação não possuem uma imagem tão conhecida pela população e nem mesmo entre os pares de profissão. Na grande parte das vezes desconhece-se o que o psicólogo do esporte realiza também suas atuações na recreação, na reabilitação ou no esporte infantil.

Rubio (2000a) descreve que a Psicologia do Esporte no Brasil começou com atuações junto ao esporte de alto rendimento, com o psicólogo João Carvalhaes no futebol, na década de 50. Talvez esse tempo mais longo, dos anos 50 até hoje, juntamente com os interesses políticos e econômicos em relação ao esporte de alto rendimento tenham favorecido à maior visibilidade e conhecimento neste campo. Assim, as demais áreas de atuação são recentes e buscam seu espaço e sua solidificação.

Na literatura encontram-se menções sobre outras possibilidades de intervenção, como na reabilitação (CAMPOS, ROMANO e NEGRÃO, 2000; MARKUNAS, 2000) e na iniciação esportiva (MARQUES e KURODA, 2000; MARQUES, 2000, RUBIO et al, 2000). Essa literatura aponta para importância do trabalho do psicólogo e desperta interesses e inquietações sobre a abrangência da Psicologia do Esporte.

O curso de especialização em Psicologia do Esporte fornece subsídios para a reflexão deste campo, mostrando que há muito a ser pensado e estudado. Dentro destas opções para um estudo mais aprofundado e pormenorizado encontra-se a atuação psicológica junto às crianças que praticam esporte, seja nas escolas esportivas, nos projetos sociais ou nas escolas infantis.

O esporte na infância é bastante abrangente, isso pode ser verificado na amplitude de assuntos e estudos relacionados como a iniciação esportiva (MACHADO e PRESOTO, 1997; MARQUES, 2000, MARQUES e KURODA, 2000; CONTRERAS, LA TORRE e VELAZQUEZ, 2001), o esporte escolar (DURAND, 1988; BLÁZQUEZ SÁNCHEZ, 1999), o esporte competitivo (BECKER, 2000; DE ROSE JR, 2002), a especialização precoce (RUBIO ET AL, 2000), as lesões e burnout (BECKER, 2000, PERSONNE, 2001), os projetos sociais (DIAS, CRUZ e DANISH, 2000), a participação dos pais (SOUZA e SILVA, 2002), as motivações dos pais e das crianças (DURAND, 1988; BELLÓ, 1999). 

Dentro dessa complexidade esse trabalho visa refletir sobre a atuação do psicólogo do esporte na iniciação esportiva infantil, no “como” pode-se intervir nesse local, considerando os assuntos relacionados e adjacentes, sem ter a pretensão de esgotar o tema. Buscar-se-á pensar e, talvez, contribuir para o debate sobre a construção e extensão da Psicologia do Esporte no Brasil.

Para alcançar esta reflexão, serão discutidos conceitos sobre iniciação esportiva, seus objetivos e suas possibilidades, bem como o papel dos educadores neste processo, considerando como tal o professor de educação física e os pais; e também o papel da criança, observando como ela chega ao esporte e o que ela busca.



2. INICIAÇÃO ESPORTIVA INFANTIL

O foco deste trabalho serão as crianças no esporte, ou seja, a iniciação delas nesse contexto, seja este a escola, o projeto social ou a escolinha de esportes. A iniciação esportiva (IE) contém em si características importantes para o desenrolar da vida infantil no mundo esportivo e para compreender esse momento considera-se importante conhecer sua conceituação e abrangência do termo iniciação esportiva.

Na literatura autores como Blázquez Sánchez, (1999); Moreno et al, (2000); Contreras, La Torre e Velazquez, (2001) descrevem-no de maneira bastante diversa, dividindo-o em definições que consideram a IE como um o processo, outras como um produto e as mais amplas como ambas, ou seja, produto e processo.

Moreno et al (2000) definem iniciação esportiva como um processo de ensino- aprendizagem para a aquisição da capacidade de execução prática e conhecimento de um esporte, considerando este conhecimento o contato com o esporte até a capacidade de praticá-lo com adequação à sua estrutura funcional.

Blázquez Sánchez (apud MORENO et al, 2000) retira o foco da definição de IE do início da prática esportiva, ampliando para o início de uma ação pedagógica que considera as características da atividade, da criança e dos objetivos a serem alcançados. Na definição deste autor a IE possui 4 características essenciais vinculadas ao processo de ensino-aprendizagem, sendo estas:

 “un processo de socializacion, de integración de los sujetos com las obligaciones sociables respecto a los demais; ser un processo de enseñanza-aprendizaje progressivo y optimizador que tiene como intención conseguir la maxima competencia en una o varias actividades deportivas; ser un processo de adquisición de capacidades, habilidades, destrezas, conocimiento y actitudes para desenvolverse lo más eficazmente en una o varia prácticas deportivas; ser una etapa de contato y experimentación en la que se debe conseguir unas capacidades funcionales aplicadas y prácticas.” (BLÁZQUEZ SÁNCHEZ, 1999, p.24)

A propósito, Contreras, La Torre e Velazquez (2001) afirmam que a iniciação esportiva é um processo de socialização dos indivíduos, e possui implicitamente determinados valores, conhecimento, condutas, rituais e atitudes próprios do grupo social no âmbito que se realiza a iniciação. Desta forma, a iniciação não é apenas o momento de início da prática de um esporte, mas a totalidade de uma ação que envolve o processo e o produto.

Nesse sentido há um direcionamento interferindo no seu produto, decorrente de sua finalidade. Sendo assim, Sánchez Blázquez (1999) afirmará que a IE pode ser destinada para três fins: o esporte competitivo, o esporte educativo e esporte recreativo.


Esporte recreativo

O esporte recreativo conhecido, também, como esporte-participação, tem como finalidade o bem-estar dos seus participantes, realizado pelo prazer e pela diversão (TUBINO, 2001). Sánchez Blázquez (1999) coloca que o desenvolvimento da recreação surge como uma reação contra o esporte de rendimento, na busca de uma nova cultura esportiva, baseada no sentido democrático do esporte, ou seja, valorizando as possibilidades individuais de cada pessoa e descentralizando o resultado.

Segundo Tubino (2001) no Brasil o esporte recreativo seria o chamado esporte popular, ligado ao tempo livre e lazer da população, no qual as pessoas praticam por diversão, descontração e relacionamento pessoal e social. O autor acredita que este esporte possibilita o processo de democratização, promovendo a participação e oportunidades esportivas para  todos.



Esporte educativo

O esporte educativo busca colaborar para o desenvolvimento global e potencializar os valores da criança. O esporte educativo encontra-se no meio destes dois extremos, constituindo-se como uma atividade cultural, possibilitando a formação básica e contínua através do esporte (SÁNCHEZ BLÁZQUEZ, 1999). Esta possibilidade da IE busca proporcionar o desenvolvimento de atitudes motrizes e psicomotrizes em relação com os aspectos afetivos, cognitivos e sociais, respeitando os estágios de desenvolvimento humano.

Lima (apud TUBINO, 2001) coloca que a orientação educativa no esporte vincula-se a três áreas: a integração social, o desenvolvimento psicomotor e as atividades físicas educativas. Na primeira área, seria assegurado a participação autêntica, possibilitando aos educandos a oportunidade de decisões sobre a própria atividade a ser desenvolvida. No desenvolvimento psicomotor seria oferecer oportunidades para atender as necessidades de movimento, bem como desenvolvimento de habilidades críticas, como a auto avaliação. E as atividades físicas educativas englobaria a concretização das aptidões em capacidades.

Assim, considera-se o esporte educativo como um caminho para o pleno desenvolvimento da cidadania no futuro das pessoas (TUBINO, 2001). No entanto o autor ressalva que a iniciação esportiva escolar que deveria proporcionar o esporte educativo vem reproduzindo o esporte de alto rendimento, com todas as suas características perdendo o conteúdo educativo.



Esporte competitivo

O esporte competitivo ou de rendimento é a prática esportiva com a finalidade de alcançar a vitória, buscando o movimento mais correto tecnicamente, realizando muitas repetições para o aperfeiçoamento da técnica o que leva o praticante a vencer o adversário (BLÁZQUEZ SÁNCHEZ, 1999).

Essa forma de lidar com o esporte requer muito cuidado, visto que esta pode se tornar uma réplica do esporte de alto rendimento adulto, no qual a criança é tratada como um adulto em miniatura. Isso faz com que esta dimensão do esporte tenha um forte impacto social por exigir uma rede de organizações complexas, envolvendo investimentos financeiros, mesmo em se tratando de um público infantil (TUBINO, 2001).

A propósito Vargas (1999) pontua que os esportes infantis acabando se adaptando ao “esporte dos grandes” com as mesmas formas, finalidades e valores, muito embora a imensa maioria dos discursos sobre ele seja apelando para a necessidade da prática regular e da participação. Complementando, Tubino (2001, p.35) descreve que no esporte escolar realizam-se competições infantis que  “reproduzem as competições de alto rendimento, com todas as suas características, inclusive os vícios”.

Assim, a especialização precoce é apontada como um grande risco do esporte competitivo durante a iniciação esportiva infantil. A busca incessante pelo prestígio conduz professores e familiares a exporem as crianças a situações de grande exigência e tensão, de treinamentos intensivos e precoces em busca de altos rendimentos. É importante ressaltar que poucas dessas crianças que iniciam treinamentos e competições precoces alcançam a vitória e o sucesso. O que prevalece é uma maioria denominada derrotados, que irão se frustrar com os resultados, além do elevado porcentual de praticantes que acabam por desenvolver problemas de saúde e transformar o esporte em atividade laboral (BLÁZQUEZ SÁNCHEZ, 1999). A propósito Personne (2001) aponta para os riscos à saúde que certos exercícios realizados de forma repetitiva podem gerar como seqüelas de ordem locomotora, cardiovascular, endócrina, além de repercussões psíquicas. Rubio e all (2000) descrevem que a especialização esportiva na infância substitui o lúdico pela competência e a recreação torna-se competição; inserindo a criança precocemente no mundo adulto. 

Em relação aos aspectos de risco à saúde, Becker (2000) cita as lesões e o estresse, sendo que este último pode chegar a acarretar o burnout nos atletas infantis. “Burnout é uma resposta psicofisiológica exaustiva que se manifesta como um resultado de uma freqüência, muitas vezes excessiva, e geralmente com esforços ineficazes na tentativa de conciliar um excesso de treinamento com exigências da competição” (SAMULSKI, 2002, p. 349).

Apesar disso, Blázquez Sanchez (1999) aponta que o esporte competitivo também pode potencializar o desenvolvimento pessoal do indivíduo, simulando situações que todos enfrentarão no futuro. O professor pode ensinar a ganhar e a perder, esta aprendizagem pode proporcionar o desenvolvimento de habilidades pessoais enriquecedoras para a vida, como lidar com o fracasso, com a frustração, com a vitória e com o sucesso. O autor faz a ressalva que o esporte não possui nenhuma virtude mágica, não é bom, nem mal. Assim, a competição só será prejudicial ou benéfica se for direcionada para tal, dando à prática um significado distinto.



3. A TRÍADE PROFESSOR-FAMÍLIA-CRIANÇA

3.1. O papel do professor de educação física - educador

Neste processo de iniciação a postura do profissional da Educação Física é fundamental, uma vez que irá direcionar todo o processo de aprendizagem. Korsakas (2002) aponta para o fato de que o esporte não possui em si nenhuma virtude mágica, e como qualquer outra atividade pode ser utilizado para várias finalidades, dependendo da intencionalidade com que ele é ensinado e praticado. O esporte não é por si só saudável ou educativo, ele é aquilo que se fizer dele.       

Desta forma, o esporte proporciona um contexto de grande potencial educativo, podendo servir como um instrumento para o desenvolvimento de atitudes necessárias na vida social e individual da criança, como aprender a lidar com as experiências como confiança e auto-imagem, ou como um instrumento de alienação (MARQUES e KURODA, 2000; CONTRERAS, LA TORRE e VELÁZQUEZ, 2001).

A prática permanece diretamente ligada à concepção que o adulto tem sobre a criança, sobre educação e sobre esporte (KORSAKAS, 2002). Entende-se por adulto todo o grupo de pessoas próximas na vida da criança, que proporcionam a circulação de valores, como os pais, familiares, os professores na escola, o professor de educação física, enfim, todos aqueles que podem exercer o papel de educadores para a criança.

Na iniciação esportiva o professor de educação física tem uma proximidade direta com o praticante, e além de exercer o papel de educador ele também desempenha o papel de agente renovador e transformador da comunidade na qual está inserido, podendo promover uma reflexão crítica e da ação (MEDINA, 1990).

Complementando Korsakas (2002) afirma que quando a criança é considerada um sujeito que se constrói a partir de suas experiências, educar significa possibilitar situações de aprendizagem, cabendo ao adulto a condição de facilitador desse processo. Assim, não se oferece à criança a resposta pronta, mas perguntas e desafios, dando a ela possibilidade de pensar, de utilizar a sua criatividade, de desenvolver sua capacidade de resolver problemas e dificuldades, proporcionando a construção de sua autonomia, pensamento crítico e do seu papel ativo na suas experiências. 

Cabe então ao professor de educação física a função de otimizar as ações realizadas, fazendo uso de métodos e programas coerentes com o objetivo, para que desta maneira, o esporte possa se tornar um objeto e meio de educação (SÁNCHEZ, 1999). Ayats (1999) argumenta que a intencionalidade pedagógica do educador é fundamental, pois caracteriza o processo educativo, junto com a estruturação dos conteúdos, a sistematização dos métodos didáticos, as atividades, as tarefas e a evolução do processo esperado. O objetivo da atividade dentro dessa perspectiva será então o desenvolvimento e a aquisição de habilidades motoras, além de desenvolver aspectos biológicos, psicológicos e socioafetivos do aluno. 



3.2. O papel da família

Considerar o que motivou a criança a iniciar a prática esportiva é altamente relevante para planejar estratégias que facilitem a permanência e continuidade da prática. Neste sentido, a família é o ponto crucial na vida da criança, uma vez que compete a ela a decisão sobre a entrada do filho no esporte e o auxílio no momento da decisão sobre a prática.

E antes mesmo disso terá competido à família as condições para o desenvolvimento das habilidades motoras básicas da criança como engatinhar, andar, subir e descer escadas, correr, jogar bola. Será também creditada ao núcleo familiar a responsabilidade inicial e principal na aprendizagem de hábitos saudáveis e na valorização destes costumes, que vão desde a alimentação e sono, até a prática de exercícios físicos (MARQUES, 2000). Embora esses hábitos servirão de modelo para as crianças e um estímulo para a prática posterior, não se pode ter a certeza de que aqueles não tiveram o modelo do exercício físico em casa não praticarão exercícios. A prática desportiva é o resultado de um conjunto complexo de fatores, onde a influência familiar não deve ser considerada um determinante, mas sim um facilitador.

Segundo Belló (1999) o fator mais importante no momento da criança praticar esportes é a determinação dos pais. O autor coloca que em geral isso ocorre por volta dos 6 a 8 anos; já a modalidade esportiva escolhida depende das condições de horário, instalações, possibilidades econômicas, dos gostos e da moda presente, além da influência da mídia e do círculo de amizades. Nesse momento de escolhas e decisões, nem sempre o desejo e gosto da criança são considerados.

Os pais podem influenciar na opção da escolha do esporte para os seus filhos por diversos motivos, entre eles educacionais, saúde, busca de ascensão social (MARQUES e KURODA, 2000). Há casos nos quais ocorre uma recomendação médica, para auxiliar no tratamento e/ou prevenção de doenças da criança; ou também pais que associam a prática do exercício físico como algo saudável para a vida do filho (PERSONNE, 2001).

Em alguns casos a iniciação esportiva ocorre para preencher o tempo livre da criança. Becker (2000) cita que alguns pais colocam o filho na prática esportiva sem consultá-lo, informando-o apenas quando devem comparecer ao local das aulas. Nestes casos o local da iniciação esportiva aparece como um “depósito de criança” em seus tempos livres.

Em outros casos os pais procuram no esporte a ascensão social vinculando-o ao alto rendimento e a aquisição de ascensão econômica e social. Pode ocorrer nesses casos uma expectativa pelo bom desempenho da criança, gerando exigências excessivas conferindo a essa prática um caráter obrigatório (MARQUES, 2000). Há também os pais que vêem no esporte uma forma de educação, exercitando o físico e o mental da criança. Confirmando esse mito há o apoio da mídia, vinculando a idéia de educação pelo esporte sugerindo que “quem pratica esporte não usa droga”.

Becker, 2000; Weinberg e Gould (2001) e Becker e Götze (2003) mostram que os pais têm expectativas e necessidades diferentes das crianças sobre o motivo que as levam à prática esportiva. As crianças apontam a alegria, o aperfeiçoamento e aprendizagem de habilidades, a encontro com amigos e a conquista de novas amizades, sentir emoções e aquisição de forma física como os motivos para iniciar a prática esportiva. Já a continuidade da prática por crianças e jovens envolve outras razões como a necessidade de diversão, pelo gosto pela atividade esportiva e pela capacidade de proporcionar contatos sociais (BELLÓ, 1999).

Dessa forma é possível observar que a família pode ser um facilitador ou um complicador na iniciação esportiva. A condição de facilitador acontece se entender que a família a principal responsável pelo desenvolvimento inicial das habilidades motoras da criança, além de ser a facilitadora do contato com hábitos de atividade física de recreação bem como com a atividade esportiva de forma lúdica (RÚBIO et al, 2000). Porém, algumas vezes a expectativa dos pais sobre a capacidade de rendimento do filho pode ser um complicador, por gerar ansiedade e angústias na criança, na expectativa de um resultado positivo, levando ao abandono da prática esportiva.



3.3. O papel ativo da criança

A infância é um período fundamental de desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social. As experiências deste período auxiliarão na formação de características e no desenvolvimento de aptidões, que repercutirão em outras fases do ciclo vital (KREBS, COPETTI e BELTRAME, 2000).    Diversos estudos apontam que a brincadeira é um aspecto comum na infância em diferentes culturas e sociedades e de grande importância no ciclo vital dos seres humanos (CAILLOIS, 1990; CARVALHO e PONTES, 2003; HUIZINGA, 1990; WINNICOTT, 1975). Nessa perspectiva Bichara (1994) e Bjorklund (1997) apontam que a brincadeira faz parte do repertório comportamental da espécie humana, seja com o uso de instrumentos – brinquedos – ou usando a imaginação. Acredita-se que a existência da brincadeira ocorre, principalmente, durante a infância e é por meio dessa linguagem, do lúdico, que a cognição das crianças se desenvolve.

Dentro dos estudos sobre etologia humana (BICHARA, 1994) é possível observar que a brincadeira é considerada como uma forma de desenvolver habilidades que irão preparar a criança para a maturidade. Dessa forma, o brincar seria uma oportunidade para a interação social, sendo esse o caminho para o desenvolvimento da criança e uma maneira de expressar a sua percepção do mundo.

Winnicott (1975, p.63) afirma que é no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem sua liberdade de criação. Acredita que a brincadeira por si só é uma terapia, e entende que “a brincadeira que é universal e é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia”.

Assim, percebe-se na brincadeira uma forma de desenvolver habilidades comportamentais e motoras, aprender habilidades úteis para a vida posterior, uma oportunidade de interação social e desenvolvimento de habilidades sociais, bem como o desenvolvimento da criatividade e da imaginação. Decorrente disso, a educação física utiliza-se da brincadeira na iniciação esportiva infantil, tornando a prática esportiva mais próxima do mundo das crianças, além de buscar o desenvolvimento motor, cognitivo, social e psíquico daquele que pratica.

A utilização do lúdico neste momento de iniciação no esporte parece ser fundamental para que a criança sinta prazer na atividade. É importante ressaltar que a motivação intrínseca para o esporte na infância é um fator preponderante para a permanência na prática, reforçando a importância do lúdico como favorecedor da motivação.

Esta é a razão da afirmação de Carvalho (1987) sobre a importância das experiências esportivas na infância no sentido da busca do prazer e da adesão livre, colocando a criança como protagonista do gesto, proporcionando a ela, e não apenas ao educador, o significado de sua ação. Essa perspectiva favorece uma atitude ativa da criança no processo da iniciação esportiva, desenvolvendo a sua autonomia, criatividade e espontaneidade, além de proporcionar desde a infância o conhecimento e apropriação do próprio corpo, das suas capacidades, da sua necessidade de cuidado.

Outro ponto a ser destacado na iniciação esportiva infantil é a possibilidade da socialização que se dá na prática das atividades físicas coletivas ou realizadas em grupos. Boixadós, Mimbrero e Cruz (1998) apontam que o ambiente social da prática esportiva pode ser muito importante na socialização das crianças, mas que os agentes de socialização – estrutura, filosofia dos programas esportivos, a família e o treinador – podem afetar diretamente a qualidade da experiência. Daí a importância da qualificação do profissional que irá atuar que essa população.

O ambiente no qual a criança está inserida exerce influência no seu desenvolvimento. A teoria ecológica desenvolvida por Bronfrenbrenner (1986, 1996) demonstra que não só o ambiente familiar é um contexto de desenvolvimento, mas também as instituições infantis. Nesta perspectiva o ambiente ecológico é formado por sistemas: microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema. O microssistema engloba as relações imediatas, como casa e creche. O mesossistema seria o vínculo entre os contextos que a pessoa vive, como as relações em casa e com os amigos da comunidade. O exossistema são os contextos nos quais a pessoa não participa ativamente, mas que interferem em sua vida e podem estar sendo influenciados, como o trabalho dos pais da criança. E o macrossistema contém os valores, crenças, cultura e subculturas presentes na vida das pessoas.

Krebs, Copetti e Beltrame (2000) salientam que o contexto engloba fatores como alimentação, proteção física, estímulo psíquico e cultural da criança. Nesta perspectiva, considera-se que a atividade física e o esporte sejam relevantes neste processo de desenvolvimento, visto que ocorrem nos microssistemas da criança, tais como a escola, clubes, projetos sociais, escolas de esporte.



4. REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DO PSICÓLOGO DO ESPORTE

O contexto da iniciação esportiva infantil constitui-se numa rede complexa de relações e de possibilidades de desenvolvimento, como foi apresentado nos itens acima, suscitando questões como: qual é o papel do psicólogo do esporte na iniciação esportiva infantil? Nesta tríade professor-família-criança qual seria a atuação do psicólogo do esporte? Essas questões permeiam a reflexão a respeito da diferença entre um psicólogo do esporte e outro psicólogo neste contexto.

Para buscar respostas para todas essas dúvidas, necessita-se pensar no olhar do psicólogo do esporte e o que o diferencia dos demais profissionais da área da psicologia, bem como a forma que esse olhar pode contribuir na IE infantil. O psicólogo do esporte entende o esporte como um instrumento que pode ser utilizado na busca de autonomia dos indivíduos, na transmissão de educação, na manutenção ou no alcance da saúde, no desenvolvimento da auto-estima. Essa forma de compreender o esporte pode auxiliar no desenvolvimento das crianças na iniciação esportiva, ocupando o lugar de mediador das relações da tríade, professor-família-criança, ou seja, buscando facilitar as relações, realizando um trabalho interdisciplinar com os professores de educação física, aproximando a família deste contexto de desenvolvimento infantil, auxiliando na compreensão das necessidades da criança, proporcionando a esta mais autonomia e conhecimento sobre si mesmo.

Desta forma, acredita-se que o psicólogo do esporte pode intervir nas várias sub-áreas do esporte, seja no alto rendimento, na recreação ou na educação, adequando-se às necessidades e as especificidades de cada um destes. Para pensar sobre “como” executar esta atuação necessita-se de fundamentação teórica sobre o tema, bem como flexibilidade na ação considerando a complexidade do assunto, que carrega em si uma teia de inter-relações e contextos. A intervenção precisa permear a tríade, de forma que o psicólogo “circule” entre professores, familiares e crianças.

Além de conhecer a tríade é preciso conhecer e entender o contexto da iniciação esportiva, visto que os contextos são locais de desenvolvimento, principalmente na infância. Sendo assim, se faz necessário um amplo conhecimento sobre o local da prática, seja ele uma quadra, um parque, uma piscina, uma pista de atletismo, um ginásio; onde se encontra este local em termos geográficos – próximo a casa da criança, distante; como é este local – conservado, deteriorado, novo; a quem ele pertence, ou seja, é público, privado; no caso de ser uma instituição, quais as características dela - é uma escola, um clube; qual os objetivos propostos pela instituição e pelos profissionais para a iniciação esportiva infantil.  Também é importante considerar se é uma atividade gratuita ou não e os horários em que ela ocorre.

    Todas essas características darão as nuances específicas da iniciação esportiva para cada criança. O psicólogo conhecendo as especificidades do contexto e das relações da tríade pode pensar em formas de intervenção. Pensando em formas de atuação será possível propor intervenções que favoreçam a potencialização e a compreensão das experiências psicológicas, afetivas e sociais (fracassos, derrotas, medo, euforia, ansiedade) pela criança, pela família e pelo profissional da educação física. Para isso, acredita-se ser importante observar os momentos da prática, como a criança lida com experiências psicológicas, afetivas e sociais, bem como qual é a postura do profissional que está com ela e a forma que a família se coloca nessas situações. Acredita-se que auxiliar a criança a lidar com as diversas situações que ocorrem no esporte pode ser útil para outros momentos da sua vida, na medida que oferece instrumentos para familiares e equipe técnica perceberem essas situações, ajudando a criança no seu desenvolvimento.

    O trabalho interdisciplinar perpassa toda a intervenção do psicólogo e torna essa atuação abrangente e complexa. Desta maneira, a intervenção junto às crianças torna-se rica quando o trabalho é realizado juntamente com o professor de educação física, ou seja, utilizando o esporte como instrumento de socialização, de educação e de saúde. Assim, é preciso que seja realizado um planejamento conjunto, psicólogo e professor de educação física, traçando objetivos e estratégias de ação, considerando a importâncias das atividades lúdicas nesse processo.

Neste trabalho conjunto, o psicólogo acompanha o profissional da educação física nas atividades de desenvolvimento de habilidades motoras básicas, auxiliando-o a desenvolver concomitantemente as habilidades sociais, cognitivas e psicológicas, preparando-a física e emocionalmente. Por outro lado acolhe as demandas do professor naquilo que é observado das atitudes da criança frente os desafios da atividade em si e na relação interpessoal, tanto com os colegas como com os professores.

Também é possível pensar em atuações junto aos familiares para se ter conhecimento sobre o momento de desenvolvimento da relação pais/filhos, as expectativas da família em relação à prática esportiva da criança e sobre o passado dos pais em relação à prática esportiva. Esses procedimentos têm por objetivo auxiliar os pais ou outros familiares a identificarem essas expectativas buscando diminuir a ansiedade e frustração decorrentes principalmente de atividades competitivas.

A decisão sobre o “como” atuar irá depender do conhecimento explicitado anteriormente pela tríade, sobre o contexto e sobre a iniciação esportiva. Somente a partir daí será possível pensar, refletir, escolher e criar formas de intervenção, atendendo às demandas do praticante e ampliando o universo da prática profissional do psicólogo do esporte.



5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apontado, o esporte, entendido na sua dimensão lúdica e de cultural corporal de movimento é uma prática fundamental para desenvolvimento infantil. Neste sentido, a iniciação esportiva nas crianças mostra-se relevante para a promoção do desenvolvimento saudável e global.

Para que isso ocorra a capacitação profissional de todos os envolvidos na área torna-se essencial: educadores físicos, psicólogos, nutricionistas, médicos e outros. Estes objetivos serão alcançados desde que todos esses profissionais envolvidos tenham clareza de seu papel no desenvolvimento infantil e possam orientar os pais/responsáveis/familiares sobre a importância da prática e seu contexto para o desenvolvimento das crianças.

Considera-se relevante novos estudos nesta área, focado em ações multi/interdisciplinares, englobando todas as pessoas participantes do processo de iniciação esportiva – criança, familiares, profissionais da saúde e da educação.



6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Fonte: Revista Electrónica Internacional de la unión Latinoamericana de Entidades de Psicologia